terça-feira, 29 de janeiro de 2013

UM DOMINGO INFELIZ ! ! !

É impossível querer escrever algo nesta semana que nos distancie da trágica madrugada de domingo em Santa Maria, onde milhares de jovens foram pegos de surpresa pela fumaça e fogo na Boate Kiss, resultando em mais de 200 mortos e outros tantos lastimados, majorado na sequência do fato pelo sofrimento dos parentes e amigos das vitimas.

Imaginem que esses estudantes formados, formandos e muitos em curso, foram para Santa Maria para com outros jovens de lá estudarem, deixando em suas casas as famílias felizes por saberem que seus filhos estão no caminho certo, no caminho do saber, do formar-se para enfrentar a vida adulta, resolvem comemorar mais um ano letivo num festão que pode ter iniciado na sexta em grupos e ao sábado em milhares seguido num encontro fatal em uma casa noturna.  

Eu, como tradicionalmente aos domingos faço há 10 anos, salto da cama ás cinco da matina, jogo água na cara e na melena, bebo dois copos da H2O, oro agradecendo a Deus pelo privilégio da vida pedindo benção para que tenhamos inspiração no trabalho e um dia feliz, me vou para Porto Alegre á Rádio Gaúcha, onde logo das seis horas entro no ar até as nove, comandando o Programa Galpão do Nativismo que em setembro de 2012 fez 30 anos de sucesso, com um Uruguai de ouvintes.

Neste domingo do dia 27 de janeiro de 2013 não se concluiu minha rotina. Cheguei às 5h30 na emissora, o movimento era estranho, coisa de nunca, gente com cara de pavor corria de um lado a outro nos corredores, apoiando a locutora que estava no ar dês das 3 horas informando de uma tragédia que já fazia 17 mortos em Santa Maria.

Como me transportei de casa ao prédio da RBS na Érico Verissimo num carro sem receptor, me pegou alheio aos acontecimentos na chegada.

Não perdi a calma, chamei os demais companheiros de programa para tomar par da situação, certo de que às 6 horas teria o natural encerramento do dramático momento no interior gaúcho, exaustivamente divulgado dês dos primórdios, que bem poderia durante o nosso espaço receber boletins, a exemplo do que já fizemos quando da invasão da força tarefa federal na Favela da Rocinha no RJ, dos mineiros soterrados no Chile, da posse do Papa Bento no Vaticano e outras necessárias intervenções de eventos importantes no Rio Grande, no país e no mundo.

Vendo que às 6 horas a locutora não chamou o quadro Notícia Na Hora Certa e assumíssemos, às 6h11 liguei para o Cyro Martins, supremo gerente editorial da rádio á pedir instruções, quando achamos que daria para fazer o programa como nos momentos supracitados – com boletins sistemáticos do incêndio a cada 30 minutos. Mas não, a coisa ficou mais feia do que já era e a sensibilidade da jornalista Milena Schuller em ação, impregnada pela fumaça da notícia, pediu cancha livre ao Cyro para tocar, abortando por força maior nossa programação que seria em homenagem ao nascimento, vida e obra do imortal Jayme Caetano Braum, que de algum lugar no infinito já estava nessas alturas, derramando suas ervas campeiras de cura, nas almas dos corpos que padeceram na Boca do Monte, subindo ao mundo espiritual.

O que aconteceu na terra da Tertúlia Nativista, fora acidente, destino ou irresponsabilidade? Creio nos três: Destino – de todos que se foram encontrados no mesmo dia, hora e lugar; Acidente – causado por duas irresponsabilidades, do que acendeu um artefato pirotécnico num ambiente fechado sem importar-se com o risco de dano, e, dos proprietários do comércio e autoridades locais que não cumpriram a legislação de prevenção contra incêndio, que poderia ter amenizado o desastre que virou tragédia e comoveu o planeta.

Para pensar: Até quando gentes adulta que postulam cargos públicos e empresários, vão precisar de tragédias para agirem responsavelmente?

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Fonte! Coluna Regionalsimo, de Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 28/01/2013.

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