sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O DIA DOS SANTOS REIS

Sem desmerecer os demais folcloristas, não tenho medo de dizer que o maior divulgador, incentivador das festividades desse dia é o grande João Carlos D’avila Paixão Cortes, que pesquisou, publicou e realizou ternos de tirar reses e incrivelmente continua dando agradáveis surpresas. 

Mesmo convalescente de uma cirurgia da qual passa bem, na flor de seus 85 anos, não se conteve de inovar, fazendo chegar ás casas dos amigos um terno de reis virtual.

Isso mesmo, eu recebi com o saludo do magnânimo folclorista o desejo de Feliz Dia dos Reis, anexado no e-mail, uma folia, uma cantoria de reis. Confesso que fiquei emocionado com a atitude do Paixão, o que me leva repetir o que a poesia culta gaúcha já revelou nos versos de Luis Meneses – A tradição não tem medo do tempo!
Os ternos de reis ou de reses surgiram para anunciar o nascimento de Cristo e louvar sua memória, logo suas realizações ocorrem de 25 de dezembro a 6 de janeiro, e depois desse ciclo natalino, também podem acontecer, dai sendo chamados de ternos temporãos.

Essa expressão artística lítero-poética no Brasil é legado dos portugueses, arraigando-se mais no litoral e sofrendo naturais modificações por influências folclóricas locais. O nosso homem rural ignorava a forma festiva do natal vigente, sua maneira e a meu ver, mais correta de festejar o natal, era com o presépio montado tradicionalmente ou representado. 

Esses grupos de voluntários artistas deram um sentido todo especial ao nascimento de Jesus que acabou levando a tradição dos cantadores a uma situação não só religiosa, mas social, pois havia grupos que atuavam para louvação da memória do filho de Deus e outros além dessa finalidade, oprimidos pela pobreza material campesina, saiam em visitações aos ranchos e estâncias, para pedirem ou tirando reses, recebendo em retribuição da visita e canto, mesa farta dos donos das casas, traduzindo o sentido da hospitalidade e fraternidade cristã gaúcha, na repartição dos recursos em comida, bebida e até dinheiro.

Assim os ternos se apresentam divididos em cinco momentos de cantoria, com várias estrofes de chegada, entrada, louvação, agradecimento e despedida, dos quais a seguir expresso um verso de cada, para arrematar essa prosa.

1. Agora mesmo chegamos na beira do seu terreiro, pra tocar e cantar licença peço primeiro…
2. Nós andamos viajando, chegamos por horas mortas, senhor chefe da casa, queira nos abrir a porta… (entrada)
3. Louvado, louvado seja o Senhor santificado, este é o salvador que ficou profetizado…
4. Senhora dona da casa, agradeço a gentileza, Santos Reis que abençoe a sua sagrada mesa…
5. Vamos dar a despedida como deu Cristo em Belém, este terno se despede até o ano que vem.

Para pensar: Antigamente e ainda em algum lugar no meio rural o dia de dar presente, sempre foi seis de janeiro, o dia da chegada dos Reis Magos em Belém. Então os maus espíritos intuíram a fraca igreja a criação do Natal com Papai Noel, para distanciar a humanidade da mensagem de Deus e de Cristo, usando a força do comércio que eu não dispenso e todos caíram na cilada. É preciso reverter esse quadro, onde andam as religiões? Onde andam os tradicionalistas? Eu passarei a dar presente só em seis de janeiro, no dia 25 cantarei o júbilo, rezarei agradecendo a Deus por tudo e por Jesus, comerei e beberei em família, ao lado de um presépio, sem árvore de natal. E no primeiro dia útil do ano, irei tranquilamente ás compras, sem estrese adquiri os presentes com toda a calma do mundo e sem o remorso de ter sido dobrado pelo mercantilismo, pela propaganda, pela fantasia. 

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Fonte! Coluna Regionalsimo, de Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 08/01/2013.

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